Meu nome é Laerte Heredia, sou cria de Marechal Hermes, subúrbio do Rio de Janeiro. Desde pequeno, fui atraído pelo desenho, o que me levou, ainda jovem, a iniciar minha formação em artes visuais no SENAI de Madureira. Lá, passei por disciplinas como desenho de observação da figura humana, pintura a óleo, composição gráfica e desenho publicitário, aprofundando minha relação com a imagem. Também cursei Design Gráfico e Comunicação Social, buscando formas de integrar minha arte a espaços de criação e transformação.

Enquanto atuava como designer gráfico no Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ, descobri o campo do restauro, que me fascinou de imediato. Me formei como Técnico em Restauração de Edifícios Históricos pela Oficina Escola de Manguinhos da FIOCRUZ, e passei a trabalhar com afrescos, ornatos, cantaria, modelagem e escultura em edificações históricas. O restauro se tornou, por muitos anos, meu principal ofício. Participei de projetos em instituições como o Palácio Gustavo Capanema, o Museu Nacional de Belas Artes, o Teatro Riachuelo e o Real Gabinete Português de Leitura, além de igrejas e casarões por todo o Rio.

Entre 2017 e 2018, atuei como técnico em artes plásticas no CCBB-RJ, acompanhando montagens e desmontagens de exposições e a documentação de acervos. Foi nesse momento que retomei com mais força minha produção autoral. Montei meu ateliê e passei a criar obras que celebram referências negras fundamentais — Cartola, Clementina de Jesus, Abdias Nascimento, Dona Ivone Lara — e toda a riqueza simbólica da religiosidade afro-brasileira.

Com o incentivo de amigos e da minha parceira, levei meus quadros para as ruas do Rio. Comecei a participar de feiras e rodas de samba em Santa Teresa, na Pedra do Sal e no Parque de Madureira, percebendo que aquela iconografia negra que me movia também fazia falta às pessoas que passavam.

Minhas obras já foram exibidas em diversos espaços do Rio de Janeiro, como a Casa do Nando, o Memorial Getúlio Vargas, o Café Épico, CEFET, IFRJ Campus São João de Meriti, a Casa de Cultura Laurinda Santos Lobo, a Nave do Conhecimento, Favela Hype, Saravá Bien, a Pedra do Sal e o Colégio Pedro II, por ocasião do Simpósio sobre Abdias do Nascimento.

Desde 2020, vivo em São Paulo, onde expandi minha produção e profissionalizei minha atuação. Expus na ZIV Gallery e no Galpão ZN, passei a comercializar prints e aceitar encomendas, consolidando meu trabalho. Nesse percurso, fundei o Orilab 83, um laboratório artístico que reúne desenho, pintura e ilustração a partir da minha ancestralidade — uma arte negra, mandingueira e viva.